domingo, 12 de julho de 2015

Capítulo 182

Narrado por Natália.

Cinco dias depois...

- Eu vou matar a Laura! - Luan disse entrando no quarto de hotel e eu, que me maquiava, me assustei. 
- O que foi? - Ele passava a mão pelos cabelos, nervoso.
- Dudu acabou de me ligar. Pegou os dois no mesmo quarto hoje de manhã! - Disse inconformado. - Eu disse que ela ia se ficasse em quartos separados, que tinha que me obedecer. 
- Luan, eu também acho errado. A gente confiou nela, você deu as regras. Ela vai ficar de castigo e... - Disse me levantando e tentando acalmar ele.
- É claro que vai ficar de castigo.
- Só acho que você tem que se acalmar agora. 
- Eu to passando mal! - Ele disse botando a mão no coração e me assustando. 
- Para com isso. Não volta com essa mania... Você sabe que já teve problema com essas coisas menino, ficava brincando e deu ruim já. 
- Eu estou nervoso! 
- Amor, você não pode mais segurar Laura, e nem a Bea mais. Elas estão crescendo, você tem que se acostumar. 
- Eu dei as regras! E se não fosse o Dudu ser tão parceiro e responsável, a gente nem ia saber... - Passava a mão pelo cabelo e eu sentei ao seu lado tentando acalmar ele, acariciando seu rosto. - Ele já deu uma bronca lá, disse que acha que eles foram pro mesmo quarto de madrugada. 
- Pronto, Dudu vai ficar de olho neles. Pensa por um lado, ele te contou né... 
- Ele disse que tinha que falar né... Disse que se ela aparece gravida eu matava ele, que nem tinha culpa. 
- Está certinho. E ela é responsável, se acalma, a gente nem sabe o que aconteceu lá, tudo bem? 
- A gente sabe bem o que aconteceu lá né Natália! - Disse nervoso. - Você engravidou com essa idade ou esqueceu disso já? Já tivemos a idade deles. 
- E engravidar com essa vida me trouxe você. Foi a melhor coisa que me aconteceu. 
- Não compara. 
- Não estou comparando. Estou dizendo que aconteceu com a gente e estávamos vivos, bem, casados e felizes. Assumimos a nossa consequência e fim. 
- Você está apoiando? 
- Não, claro que não. Só estou dizendo que a gente pode dar um jeito pra tudo, que Deus sabe o que faz meu amor, e não adianta você ficar ai esquentando a cabeça. Já teve problemas do coração, lembra? E se te acontece algo? Quem vai cuidar da gente hein? 
- Eu não vou passar mal... - Ele disse me abraçando de lado. - Mas que a Laura vai se ver comigo ela vai... 
- Fica a vontade meu amor, você é pai dela, eu confio em você. Só tenta abrir um pouco a cabeça. - Disse depositando um beijo doce no rosto dele. Deitei a seu lado e ficamos abraçados, por minutos a fio, só sentindo um ao outro ao lado. Ainda estava brava com ele, mas eu não ia ignorar ele pelo resto da minha vida né? 

Durante a viagem apresentamos o mergulho pro Rique pela primeira vez. Ele sempre soube o quanto eu e o pai gostávamos, e sempre se interessou também. Como já estava grandinho, Luan decidiu que poderia ir conosco. A Grande Barreira de Coral, patrimônio mundial da Unesco,  pode ser vista do espaço e é a maior estrutura do mundo feita unicamente por organismos vivos. Nós três ficamos encantados com a grande diversidade de vida marinha num único só lugar. Aquilo era lindo, e me lembrava cada mergulho que já fiz ao lado dele em tanto tempo juntos. E eu amava estar ali como se fosse a primeira vez. 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Capítulo 181

Narrado por Luan.

- Você está andando a quatro horas! - Disse impaciente atras dela com mil e uma sacolas na mão. A gente só parou pra almoçar.
- Está reclamando eu já falei, pode fazer as malas e voltar. - Bufei sem deixar ela ver.
Se ainda fosse só o tempo, tudo bem. Mas ela tinha gastado em quatro horas metade do que eu trouxe pros vinte dias! Eu nunca liguei dela gastar, mais isso me renderia, além de carregar as sacolas e ver nelas vestidos mais curtos que o aprovado por mim, teria um trabalhão de ligar pro Brasil e pedir pro meu gerente converter mais dinheiro no meu cartão, sem contar que a julgar pelas sacolas, o avião iria expulsar todos nós por excesso de bagagem. Mas é claro que a ultima coisa que faria era abrir a boca pra falar isso pra ela. Tudo isso por que eu falei com aquele menina. Ai se arrependimento matasse... Ela era bonita, mas eu nem tinha nenhuma segunda intensão, só fui educado. 
- O que você fez pra ela? - Pedrão perguntou bravo ao meu lado, seguindo a mãe. 
- Eu não fiz nada que te interessa! - Olhei feio pra ele. 
- Fez sim papai, por que ela está brava. 
- Sua mãe viu coisa onde não tem. 
- E eu que tenho que levar né? - Disse rindo. - Estou cansado já. 
- E eu não? - Reclamei. - Convence ela a ir embora, minhas pernas estão doendo já. - Disse olhando de longe ela entrar em mais uma loja. 
- Vai sobrar pra mim né! 
Comecei a rezar pra ela aceitar. Meu filho assumiu a melhor posse de ator e começou a olhar pra mãe, sentado no sofá da loja com a maior cara de cachorro sem dono quando ela saiu do provador. 
- Mãe, estou cansado demais, acho que vou passar mal. 
- O que você tem meu querido? - Ela foi pra perto dele toda preocupada. 
- Acho que tomei muito sol ontem. - Eu revirei os olhos e lembrei de anotar mentalmente que ele era bom ator pra saber que podia mentir bem quando quisesse faltar da escola.
- Mamãe já vai embora. - Ela voltou correndo pro provador toda preocupada. 
Ele me olhou rindo assim que ela fechou a porta e eu olhei mais feio pra ele ainda.
- A Globo está te perdendo. Vou ficar bem de olho em você quando vir falar que está passando mal pra não ir pra escola. 
- Achei que quisesse ir embora. - Ele riu. 
- Fica quieto vai! - Disse já recolhendo as sacolas quando vi ela saindo do provador. 
Falou qualquer coisa pra mulher em inglês e nos chamou de volta pro carro sem comprar o casaco. Dirigi olhando Natália toda preocupada com Pedro e me sentindo culpado. Assim que chegamos ele foi pro quarto dele e eu segui Natália até o nosso. Ela estava toda aflita. 
- Luan! - Disse sentada na cama me olhando. 
- Oi amor. - Respirei fundo pra não ser grosso. 
- Você não acha melhor levar Rique no medico? 
Segurei o riso o máximo. Ela era linda, que mãe que arrumei pros meus filhos meu Deus! Minha vontade era falar tudo, mas dai eu realmente seria despachado pro Brasil. 
- Ele vai ficar bem amor! - Disse sorrindo e beijando o rosto dela, preocupada. 
- Não pense que acabou nossa briga viu? 
- Amor...
- Amor nada Luan. 
Eu sorri e me aproximei, puxando ela pela cintura e depositando beijos em seu pescoço, com a intensão se seduzir ela, mas ela foi saindo devagar e me olhou feio. 
- Melhor você tirar o cavalinho da chuva, estou de greve, por um bom tempo.
- Oi? - Perguntei assustado, ela nunca tinha feito isso. 
- Você acha que vou ficar bobeando por ai né? - Ela disse brava. - Você não é nenhum santo amorzinho, quem te conhece que te compre!
- Já se vingou por hoje né? - Disse inconformado. 
- Nem comecei... - Ela disse entrando no banheiro sorrindo ironicamente.  
Era só o que me faltava, depois 16 anos de casamento mais essa.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Capítulo 180

- Até que enfim que encontrei meu amor! - Disse sorrindo e ele se assustou, se virando com tudo. 
Ela estava com a mão sobre a coxa dele, e tirou meio sem graça quando me viu. Pareciam entretidos demais num papel e Luan ia me pagar. 
- Bom dia amor! - Disse ainda branco. 
- Te procurei pelo hotel todo! 
- Eu estava pedindo algumas informações pro nosso passeio de hoje. - Ele sorriu. 
- Sua mulher? - A morena me olhou bem cínica e minha vontade foi pular no pescoço dela. 
- Natália. - Luan me apresentou sorrindo e me deixando um pouco insatisfeita. 
- Muito prazer querida! - Disse sentando no colo dele, que me abraçou pela cintura. 
- Ela estava me ajudando a ler os panfletos! - Luan já foi se explicando.
- Brasileira? 
- Sim, mas moro aqui desde que nasci. No interior, vim passar as ferias na capital! 
- Olha que legal! - Sorri bem falsamente. 
- Bom, mas enfim, um prazer conhecer você! Qualquer coisa só me chamar Luan, você sabe meu quarto! - Ela saiu sorrindo e eu fiquei de boca aberta olhando os dois se despedirem. 
- Natália! - Luan me olhou estendendo a mão e já nervoso e prevendo o que eu ia falar. 
- Nossa, você sabe qual é o quarto dela. - Disse irônica.
- Eu não sei não! - Ele disse rápido. 
- Não foi isso que ela disse Luan! Foi dar uma voltinha lá ontem depois que dormi foi? - Disse brava e cruzando os braços. 
- Olha, eu vi ela saindo do quarto dela, a hora que estávamos descendo. Ela está do lado do nosso. 
- Lembra ela de se vestir primeiro antes de sair da próxima vez então. - Disse me virando e voltando pro elevador com ele nas minhas costas me chamando. 
- Você está pirando a toa. 
- A toa? - Disse apertando o botão e morrendo de raiva dele. - Ela estava se jogando pra cima de você.
- Não tem nada demais, ela não faltou com respeito nem ontem nem hoje! - Ele se defendeu. 
- Ontem? - Falei mais rápido e já puta com ele. 
- No restaurante. - Ele suspirou. 
- Voltou nervoso, demorou por isso né! - Disse olhando feio. - Você viu como ela se veste? Aquele vestido apertando os seios, tudo pra fora, na sua cara né, que vaca Luan! - Disse brava. 
- Vi! 
- Viu o que? 
- Não, não vi nada, nem reparei! 
- Acho melhor calar a boca viu, está ficando pior. 
- Natália! 
- Que Natália o que! Você acha que ela está atras por que? Você tem mais de 40 anos Luan, não é nenhum menininho não. Ela deve ter uns 20 querido. Está toda toda pra cima de você por que sabe bem quem você é! 
- Ela não sabe Natália, nem faz ideia.
- Luan, conta outra vai! 
- Natália, amor, eu sai ontem do restaurante, ela estava passando na rua, trombei com ela, a gente conversou um pouco e só. Hoje eu nem sabia que ela estava aqui e trombei com ela saindo do quarto. Ela me ajudou a ver um passeio pra nós, mergulho na Grande Barreira de Corais aqui perto. - Ele foi tagarelando até o quarto.
- Eu não vou pra lugar nenhum com você. 
- Natália! - Ele disse fechando a porta. 
- Chama a vaca daqui do lado!
- Quer parar com isso? - Ele pediu já ficando irritado. 
- Não! Eu vou fazer compras! 
- Compras? 
- Sim. 
- E o mergulho? - Disse bravo.
- Quem sabe amanhã já passou minha raiva. - Disse sentando calmamente e procurando uma roupa. 
- Tudo bem, vai e faz as suas compras. Estou sem saco pra isso hoje, depois desse mal entendido. Eu fico aqui com o Pedrão e a gente faz algo juntos. 
Ele estava mesmo pensando que eu ia deixar ele dando sopa no hotel com a vaca pastando? 
- Claro que não, quem vai carregar minhas sacolas? 
- Você nunca compra muita coisa. - Ele deu de ombros. 
- Pois hoje estou me sentindo muito consumista. - Disse já pronta na frente do espelho arrumando os cabelos. - Você vai ou então volta pro Brasil divorciado, nesse hotel você não fica. - Disse sem olhar pra ele e continuei a colocar um salto e brincos. Olhei com um sorriso pra ele, deitado na cama, com a cara de surpreso pela minha fala. - Já está pronto ou vai arrumar as malas? - Disse olhando serio. 
- Estou quase pronto. - Disse engolindo as palavras e se levantando de cara feia e batendo a porta do banheiro. 
Nunca fui de compras mesmo, mas hoje eu ia descontar nele a raiva que eu estava. Era bom Luan se preparar.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Capítulo 179

Visitar a Austrália só com os dois foi incrível. Reconheço que amava ver meus meninos juntos, e ali, só nós três, Luan era um pai de se admirar. Com a atenção só pro Rique, eu muitas vezes via um lado dele diferente do que com as meninas. Menos cuidadoso, mais pra frente, apresentando o mundo pro filho que estava bem animado com a atenção do pai. Rique era um menino muito bom, grande filho, apesar de ainda novinho era bem próximo de nós dois. 
- Estou preocupada com a Laura. - Ele disse abraçado comigo, quando estávamos sentados na areia da praia de olho no Rique no mar. 
- Por que não com a Bea? - Questionei.
- Bea tem juízo Natália. - Ele disse respirando fundo e passando a mão no cabelo. 
- Mas eu to morrendo de medo dessa historia. 
- Não foi você que disse que ela tinha que cometer os próprios erros? 
- Já entendi. - Ri. - Gostou por que ele nem mora no Brasil e não vão se ver. 
- Depois que essas ferias acabar, quero só ver a gente voltar pra Orlando. - Ele riu.
- Luan, sua filha! 
- A casa pode pegar fogo, enchente, abelhas pela casa toda. Ou qualquer outra coisa que empeça a gente de voltar. 
- Não acredito! - Abri a boca incrédula.
- Amor, eu já tive a idade dele ta bem? E não era mais virgem. Digo o mesmo pra Laura e Enzo. Quer dizer, ainda mais pra esses dois. - Ele disse na lata, sem nem a cara de pau.

Mais tarde fomos dar uma volta na cidade, conhecer a Baia de Sidney pela noite. Lugar lindo e iluminado, parecia de outro mundo. Jantamos num restaurante ali perto, temático, decorado de aquários. Rique ficou encantado com peixes muito exóticos, e Luan nem precisa falar. Eles riam de mim, falando que eu tinha medo. 
- Não tenho medo não, amo o mar. - Disse fazendo manha. 
- Verdade filho, sabia que sua mãe ficou me enchendo uma viagem toda pra fazer essa tatuagem que ela tem depois que voltamos de viagem uma vez.
- Mamãe deu trabalho. - Rique riu.
- Você nem imagina. - Luan riu. 
- Eu sou e sempre fui um anjo. Seu pai que sempre foi o problema! - Disse fazendo cara feia. 
Os dois entraram num complô contra mim. Rique paparicava demais o pai. 
- Isso que dar deixar as meninas viajarem com aqueles moleques idiotas. - Luan disse rindo. 
- Para de fala assim! - Disse.
O telefone dele começou a tocar e ele saiu do restaurante, que era bem barulhento e foi la pra fora. Demorou um bom tempo até entrar, meio nervoso. Eu não entendi nada. 
- Quem era? 
- Do escritório. 
- O que houve? 
- Nada demais amor, algumas coisa com divulgação. 
- E por que você está nervoso? 
- Não estou nervoso. 
- E eu não te conheço né! - Fechei a cara pra ele. 
Rique sabia hora de ficar quieto e Luan mais ainda. Não demoramos muito ali, e logo voltamos pro hotel. Rique estava cansado e dormiu logo, já Luan ficou me mimando, mas não falou o que tinha acontecido, o que me fez dar um gelo nele. 

Acordei no outro dia e não encontrei ele na cama. Depois de tomar um banho e me trocar, passei no quarto do Rique, mas ele ainda dormia e resolvi não acordar. Luan certamente estava no hotel. Dei uma volta na piscina principal e não encontrei, então fui até a recepção e me ferveu o sangue quando vi. Luan estava sentado no sofá com uma morena que mais parecia brasileira na cola dele, toda exibida, com um vestido minúsculo. Tudo bem, eu também estava, é um lugar quente, mas o dela estava demais. Ele estava olhando alguns panfletos e respondia ela ao mesmo tempo. Botei meu melhor sorriso no rosto e me aproximei.

Mais tarde tem mais!