Capítulo 44

- Eu não sei se estou disposta a ouvir sua conversinha! 

- Não é conversinha! - Respirei fundo. - Olha, não tem desculpa, eu sei disso, mas eu me apaixonei de verdade. Eu surtei esses meses todos sem saber onde você estava. E eu só quero que fique em segurança. Agora pelo menos. Depois que eu te tirar daqui eu posso pensar em te conquistar de novo. - Ela olhava dentro dos meus olhos e eu acariciei seu rosto. - Agora eu só quero te tirar daqui. 

- Eu não vou voltar pra depender de você de novo.

- Você tem direito. E eu quero te ajudar. Você não estudou por minha culpa, te devo isso. Mesmo que não queira volta pra mim Natália. 

- Não Luan.

- Meus pais estão preocupados demais com você.

- Não coloca seus pais nisso. 

- Estou falando a verdade. Não importa se está dançando ou o que for, não é lugar pra você. 

- Lugar pra mim é sofrer ao seu lado? - Ela tirou a minha mão do seu rosto e se virou de costas. 

- Naquele mês... - Me aproximei e coloquei a mão no ombro dela. - Você não foi feliz? 

- Muito, mas fui iludida. Sua culpa te fez mudar e me tratar daquela forma, e eu achava que... 

- Eu te amo. Não é mentira, não é ilusão.

- E o que isso muda Luan? - Ela se virou pra mim. - Vai trazer meu filho de volta?

- Você acha que eu não sofri? Você lembra como fiquei.

- Não muda nada. 

- Não muda Natália! - Me aproximei e peguei seu rosto. - Mas eu quero fazer uma nova historia. Eu quero te fazer feliz como a gente foi naquele mês. Quero um filho, quero cuidar de você.

- Esquece Luan... - Vi que ela estava chorando. 

- Olha, tudo bem! Tudo bem! - Me afastei. - Mas vai embora comigo. 

- Não. E eu quero que você vá embora. 

- Tudo bem, mas eu volto, eu venho amanhã! 

- Não venha Luan. 

- Natália... 

- Não quero que venha. 

Respirei bem fundo e jurei que não queria magoar ela de novo. Decidi ir embora, dar um tempo pra ela. Deixar ela viver um pouco e cicatrizar as feridas.

- Eu vou embora, mas eu te amo, não esquece. 

Ela não me olhou, não respondeu, então eu juntei toda a coragem do mundo e fui.

POV Natália. 

Limpei a única lagrima que caiu quando Luan foi embora e respirei fundo. Eu não ia chorar por ele. Sentei pensando no que ele tinha falado. Me lembrei de como ele sofreu quando perdi o bebê. 

10 de agosto de 2015. 

Fazia 2 meses que eu tinha perdido o bebê e Luan continuava na mesma. Eu sofria muito, mas conversava com seus pais e me aliviava. Ele guardava tudo pra ele e estava muito triste. Só queria ficar no quarto quando estava em casa e aquilo me preocupava. 

- Luan! - Abri as janelas do nosso quarto. - Pensei que podíamos dar uma volta, andar pelo condomínio.

- Faz dois meses. 

- Eu sei, mas vamos superar. Você não pode ficar aqui. 

Ele começou a chorar. 

- Eu queria que ele estivesse aqui. 

- Eu também queria. Mas você tem que tentar se erguer. Vai ficar tudo bem meu amor. 

Março de 2018.

Eu sabia que ele tinha razão, que não devia ficar ali, que não era lugar pra mim, mas eu não estava preparada pra voltar. Existiam magoas dentro do meu peito que precisavam cicatrizar e pra isso eu precisava de muito tempo. E eu sabia que tudo que fosse pra se ajeitar, iria. Se fosse pra perdoar, eu perdoaria. Voltar nunca. Mas cada coisa no seu devido tempo. 

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