Capítulo 62

Deixar Natália na boate não foi fácil, ainda mais sabendo que iria viajar. Mas ela me garantiu que ia ficar e logo ia embora daquele lugar. 

- Não gosto do Rodrigo... - Disse serio enquanto ela me abraçava pra acalmar em frente a bote. 

- Ele não vai arruma problema, relaxa. 

- Não quero ele atras de você. 

- Ele não vai ficar, esquece isso! Segunda ele está de volta e vai ficar tudo bem! 

- Espero! - Disse e beijei sua testa. - Agora vai antes que eu desista! - Ri. 

Ela me beijou e entrou sorrindo pra mim. Era o inicio do nosso recomeço e eu não cabia em mim de tanta felicidade. 

POV Natália. 

Assim que entrei na boate comecei a ajudar as meninas a limpar a bagunça da noite anterior. 

- Não dança mais! - Uma delas brincou. 

- Danço sim! - Ri, sabendo que logo acabava aquilo. 

- Como consegue arrumar namorado aqui ainda Natália? - Elas me zoavam. 

- Ainda mais aquele gato do Luan! - A outra gritou. 

- Meu ex marido gente, ele não me conheceu aqui! - Eu disse envergonhada. - E você para! - Gritei rindo pra Raquel, que tinha chamado ele de gato.

- É seu, já sei! - Ela ergueu as mãos e rimos. 

- Rodrigo vai voltar e eu vou embora... - Disse abrindo um sorriso pra elas e falando baixo. 

Todas se juntaram e eu contei pra elas em primeira mão a noticia. Confiava naquelas meninas por tudo. Todas me abraçaram, ficaram felizes por mim. Eu sabia que a vida ia nos separar, e eu não podia mais ir até lá pra ver ela, então acabamos começando a se despedir. Durante a noite, um pouco antes do meu show e do dele, ele me ligou. Conversamos e garanti que assim que terminasse, voltava pro meu quarto. Fiz o show e também o que prometi. 

Tudo ocorreu normal por dois dias. Mas no sábado, quando estava voltando pro meu quarto. Carlos, o segurança me parou no corredor. 

- Rodrigo disse que tem um cara pra você essa noite.

- Como? - Me assustei. 

- Ele disse que havia conversado com você, mas que sabia que ia se render quando ele fizesse o que queria. - Fiquei nervosa, meu coração bateu rápido.

- Eu não vou me render Carlos. 

- Ele mandou eu... 

- Diga a ele que não manda em mim, e se alguém relar a mão em mim, ele e essa boate caem em segundos! Eu não estou mais sozinha, tem gente que sabe onde estou e das coisas que ele vem fazendo! - Gritei pra ele e sai correndo, com medo dele vir atras de mim. Eu não podia ficar mais um segundo ali.

Assim que entrei no quarto e tranquei a porta, procurei meu celular pelo quarto e assim que encontrei, disquei os números de Roberval. Tinha medo de Luan estar no palco. 

- Alô? - Roberval atendeu. 

- O Luan está?

- Natália? 

- Por favor Rober, eu preciso falar com ele!

- Ele acabou de sair do palco, espera só um minuto. 

Ele parou de falar e eu comecei a rezar baixinho. 

- Amor, o que foi? - Assim que ouvi sua voz eu fiquei desesperada e comecei a chorar.

- Eu preciso sair daqui. 

- Tudo bem, você vai sair, segunda! Eu vou te buscar. 

- Luan, eu preciso sair hoje. Agora! 

- O que houve? - Ele ficou nervoso e alterou a voz. 

- Eles querem que eu... - Eu não consegui falar, mas ele entendeu, pois vi suspirando e depois falou firme. 

- Você tem dinheiro? 

- Não... Meu cartão quebrou e eu estou esperando chegar outro. Estou sem dinheiro. 

- Presta atenção então! 

- Fala! 

- Pega só o que vai precisar pra hoje ou amanhã. Algumas trocas de roupas e coisas de valor pessoal. E tudo que prove que você esteve ai. Não deixa notebook, celular nada. Pega tudo, joga numa mochila. 

- Tudo bem. - Disse já abrindo o armário e fazendo o que ele dizia. 

- Só o que você consegue levar! Você vai pegar, e ligar pra um táxi. Eu não posso pedir pro meu pai te pegar por que ele não sabe! 

- Eu sei! - Respirava rápido enquanto olhava tudo. 

- Pega um táxi, veste uma roupa com capuz, e cobre o rosto. Sai da boate e vai pra minha casa. Eu vou ligar pro meu pai ele vai te esperar. Assim que sair dai, me avisa. 

- Tudo bem! Eu vou fazer isso. 

- E não deixa ninguém relar a mão em você Natália. 

- Não vou deixar, se acalma... 

- Isso, se acalma.

Ele desligou e eu liguei pro táxi. Juntei só algumas mudas de roupas e objetos pessoais, como notebook e o celular e meu anel que Luan tinha dado. Tudo coube bem na minha bolsa. Vesti um jeans e um casaco de frio, do capuz, cobrindo meu rosto com ele em seguida coloquei a mochila nas costas e peguei o aquário na mão. Fechei o quarto e sai por caminhos que sabia que ninguém me veria. Na recepção, o cara que cuidava pra Rodrigo estava distraído e nem me viu sair. O táxi já me esperava, então entrei rápido e mandei seguir até Alphaville. Disquei o número de Luan e avisei que estava indo pra sua casa, então ele avisou o pai. Nervosa, contava os segundo pra chegar. Assim que o táxi entrou no condomínio, meu coração começou a bater forte. Logo avistei a casa dos seus pais e Seu Amarildo me esperava. Ele pagou o táxi e me ajudou com a mochila, me abraçando forte. 

- Você está bem? 

- Sim! - Sorri forçado. 

- Luan está esperando você ligar! - Ela sorriu pra mim, mas pegou meu celular e tirou o chip, quebrando. - Ele me pediu pra fazer isso. 

Logo em seguida me deu o seu celular e eu disquei os números, enquanto ele me esperava sentado no sofá ao meu lado.

- Luan? 

- Chegou amor? 

- Sim, está tudo bem comigo.

- Vamos comprar um novo chip pra você amanhã e roupas, tudo que você precisar tudo bem? 

- Tudo bem! 

- Estou feliz que esteja em casa. 

- Eu também! - Senti meus olhos molharem. 

- Que alivio! - Ele riu. - Meu Deus eu não sei o que faria se alguém fizesse algo com você! 

- Está tudo bem agora amor! - Disse e depois me lembrei que não sabia se Seu Amarildo sabia. 

- Então vou dormir e amanhã cedo chego ai. Eu te amo. 

- Eu também te amo. 

Desliguei sorrindo e Seu Amarildo me abraçou. 

- Tive tanto medo. 

- Não sei o que houve, mas é muito bom te ter aqui. Amanhã a hora que Mari acordar vai ter um ataque! - Rimos e ele me ajudou. Me levou pro quarto do Luan e eu me instalei. 

Não fez perguntas e eu agradeci. Nunca tinha me sentido tão em casa como naquela noite em que dormi na cama com o cheiro dele, depois do susto que tinha passado. 

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