Capítulo 53

A volta pra estrada no fim de semana foi um pouco angustiante. Eu não queria me ausentar e deixar Natália naquele lugar, por que cada dia mais minha desconfiança de Rodrigo aumenta muito. Mas eu não tinha como fazer nada e decidi que por aquele fim de semana ia esquecer um pouco daquela loucura. 

Liguei pra ela antes de sair de casa. Não nos falamos muito, só as vezes, mas ainda assim eu tinha saudade demais e queria falar com ela o tempo todo. Minha falta de Natália estava no limite. Queria beijar até ela não ter mais fôlego ou passar o dia com ela na cama. Estava testando demais meus sentimentos e desejos indo ver ela sempre e nem se quer abraçava aquela menina. E uma hora isso ia acabar explodindo, e foi o que aconteceu durante a viagem da pior forma possível pra aquele momento.

Entrou no meu camarim uma mulher muito parecida com ela e meu coração foi na boca. Os traços, o jeito, até o sorriso. E quando ela me olhou sorrindo então? 

Foi muito natural. A troca de olhares encorajou ela, que me deu mole e eu agarrei a ideia, sem pensar muito. Ela dançou comigo, mas também foi pro hotel comigo. Eu estava hipnotizado, ao fechar os olhos, dentro da van, sentia Natália ao meu lado acariciando minha coxa. Mal deu tempo de fechar a porta e estava me agarrando com ela pela suite. Eu não pensava nem na minha menina nessa hora, alias, pensava, que ela estava ali, sendo minha de novo. 

O desejo preencheu o quarto e o delírio também. Tenho certeza que chamei ela de Natália muitas vezes, e nem estava me importando, já que nem o nome dela eu sabia. Alias, era Natália, Natália sendo minha de novo.

Assim que tudo acabou, e me deitei ao seu lado e fechei os olhos. Sentia uma paz boa, mas inquietante. Mas o sorriso que estampava meu rosto se desfez assim que ouvi sua voz. 

- Bela! 

- Oi? - Me virei e já não via mais tanto de Natália nela. 

- Bela, meu nome é Bela. 

Fiquei extremamente sem graça e me levantei me vestindo.

- Me desculpa. Não é um bom dia. 

- Tudo bem! Acho melhor... - Ela sorriu. 

Era linda, mesmo não se parecendo mais com Natália. 

- Isso, melhor!

Me sentei esperando ela se vestir e depois avisou que estava indo. Levei ela até a porta e pedi desculpas umas 15 vezes. Quando ela saiu, fechei a porta e encostei nela. Levei a mão na cabeça. 

- Natália não pode saber disso. - Respirei bem fundo. - Eu estou ficando maluco!

Tomei um banho tentando relaxar e acabei com dor de cabeça. Liguei pro Rober, ele estava acordado e me trouxe um remédio. 

- Que foi cara? 

- Eu não devia ter feito isso! - Ele sentou na cama enquanto eu tomava a água depois de engolir o comprimido.

- Mas a menina era bonita!

- Linda, mas eu só penso na Natália. Pra mim era a Natália aqui. 

- É, a garota é a cara dela!

- Então! - Respirei fundo e deixei o copo sentando ao seu lado. - Se ela souber disso eu... 

- Relaxa, ela não vai saber. E outra boi, ela está na naquele lugar, por que se sente tão culpado?

- Eu não sei... - Suspirei. - Minha cabeça está fritando! 

- Não entendo por que... 

- Não era um bom dia pra uma mulher igual a Natália cruzar meu caminho!

- Você está pirando com essa historia! 

- Estou, eu preciso dela de volta! 

- Para de e fazer de amiguinho e parte pra cima. 

- Eu voltei agora, fiz muita merda, tenho que conquistar a confiança dela de volta primeiro se não vou botar tudo a perder. 

- Acho que tem que mostrar que ela pode confiar em você como o homem ao lado dele e não amigo. 

- Acha mesmo? E se botar tudo a perder?

- Você recomeça! Quantas vezes mesmo já recomeçou? 

- Você acha mesmo? 

- Melhor que perder ela cara! E tem essa historia que você contou do dono lá!

- Eu odeio ele! 

- Tem que passar na frente dele agora, se não vai ficar pra trás! - Ele se levantou seguindo até a porta.

- É isso cara! - Disse me levantando tendo uma ideia na cabeça. 

- Vou dormir, se precisar só ligar! Boa noite! 

- Obrigado e boa noite boi! 

Ele saiu e fechou a porta, enquanto minha mente borbulhava com a minha ideia. 

- Natália que me aguarde segunda-feira! - Ri. 

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