Capítulo 58

Assim que entrei, procurei por Rodrigo. Ele estava no escritório. 

- Sumiu de novo? 

- Não vou dançar hoje Rodrigo. 

- Como não? - Ele ficou bravo. 

- Não vou dançar, você não é meu patrão. 

- Vai sair?

- Vou! - Ele ergueu os braços.

- Fique a vontade Natália, só não se esqueça, esse cara vai fazer a mesma coisa de novo e não vai ser eu que vou limpar sua lagrimas. 

- Eu não pedi pra limpar nada! 

- Tudo bem, se já acabou pode se retirar... - Ele me olhou feio e eu sai de boa vontade. 

Corri pro meu quarto e tratei de me arrumar. Estava feliz, Luan me deixou ver algo bom ele, e eu sabia que havia voltado a admirar um pouco o Luan como homem. Amar eu sabia que amava, agora admirar era diferente, mas ele tinha recuperado um pouco disso e recuperava pouco a pouco. Me vesti bem antiga Natália, vestidinho romântico e uma maquiagem simples, dei comida pro peixinho e resolvi sair da boate um pouco antes e esperar Luan do lado de fora. Ela abriu bem na hora que eu  tinha combinado com ele, então mandei uma mensagem e esperei ele sentada num barzinho que havia do lado, mas mal sentei ele já apareceu, dizendo ter esquecido que eu não podia sair quando a boate abrisse.

- Falou com o Rodrigo? 

- Falei. 

- E ai? 

- Tudo bem! - Sorri pra ele enquanto dirigia. 

- Perfeito! - Ele abriu um sorriso. 

O caminho até sua casa foi silencioso. Observei ele pelo canto do olho. Estava muito bonito, perfeitamente arrumado. Quando paramos na garagem ele desligou tudo enquanto eu saia. A casa estava toda apagada, e então ele abriu a porta acendendo as luzes. 

- Cadê seus pais? 

- Eles estão em Londrina. E a Bruna no Rio. 

- Ah... - Abaixei a cabeça sem graça enquanto ele foi pra cozinha. 

- Mas não vamos passar viu? - Ele riu. - Pelo menos eu acho! - Se debruçou sobre forno e olhou alguma coisa. 

- Que cheiro bom!

- Eu fiz lasanha! - Ele riu. 

- Você? - Gargalhei. 

- Sim! Segui direitinho os passos que minha mãe deixou. - Ele ergueu um papel. - Acho que está pronta, vamos comer? 

- Claro! - Ri e me aproximei sorrindo, pegando a luva da sua mão. - Eu ajudo. 

Tirei a lasanha e fiz tudo que precisava. A aparência estava ótima e o cheiro também. 

- Acho que você já pode casar! - Ri pra ele. 

- Olha, eu também acho! - Ele me olhou sorrindo e fiquei sem graça. 

Comemos conversando sobre o orfanato. Luan contou da reforma, das crianças e de como foi difícil o inicio pra ele. Relatou que não se sentiu seguro, mas com o tempo passou a se sentir em casa, ou até melhor que isso. Contou também que apesar da insistência, não tinha levado seus pais lá. 

- Por que?

- Acho que se fizer isso, vai deixar de ser meu refugio, deixa de ser tão meu. 

- E por que me levou? - Questionei sem entender.

- Eu não sei, só quis levar e levei. - Ele foi sincero. - Mas não me arrependo.

- Quero voltar lá. 

- Sempre que quiser. - Ele sorriu pra mim. - Isso estava muito bom! - Deu a ultima garfada. 

- Concordo! - Terminei de comer. - Está aprovado! - Ri e ele bateu palmas. 

Arrumamos rapidamente a cozinha e depois se sentamos no sofá. Luan começou a cantar pra mim alguns modões e de a gente se divertiu muito, mas logo depois ele colocou o violão de lado e me chamou pra mais perto. Ele me olhou nos olhos e me surpreendeu. 

- Eu estou cada vez mais apaixonado. - Eu sorri pra ele. - Não consigo mais esquecer seu rosto um minuto Natália. 

Fiquei sem palavras pra ele, e ainda mais quando vi uma lagrima formar no seu olhar. Levei a mão até seu rosto e sequei ela. Abri meu melhor sorriso e juntei minhas duas mãos em cada uma das laterais de su rosto. Na minha frente havia um Luan totalmente vulneral, um Luan novo, um Luan que eu sabia que podia admirar, mas ainda sim, era o meu Luan, o Luan que eu amei a minha vida toda. 

De forma lenta e calorosa, juntei nossos lábios com carinho, num beijo  cheio de saudade e amor. 

A noite toda foi silenciosa, nada precisava ser dito. Olhares e beijos diziam por si, desde o momento das lagrimas até a despedida no nascer do sol em frente a boate. 

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