Capítulo 9

Nosso Natal foi bem sossegado. Depois que acordamos durante a tarde, nos arrumamos e nos juntamos a familia. Tudo parecia tão tranquilo que me assustava um pouco. Natália se enturmou com minhas primas e Bruna e eu fiz o que mais gostava, cantar. Foi quando percebi Natália me olhar de longe. Ela não estava mais com as meninas, e me olhava admirada, sorrindo. Percebi naquele momento o quanto era incrível ter alguém que olhe pra você daquela maneira. Podia não ama-lá, mas eu sabia o quanto aquela garota que me olhava meio escondida me tinha no coração,  e sabia também que devia ter deixado e deixava ainda, a cada dia, um buraco enorme no seu peito. Tinha tirado a garota da sua casa, por irresponsabilidade. Lhe tirei de seus pais. Afinal, ela era virgem, e eu a convenci a dormir comigo. Ela não sabia de nada, me amava, estava nervosa e eu não me preveni. Não que a criança fosse um problema, pode ser que no começo até era, mas agora eu preferia que ela estivesse nos meus braços, ou correndo pela casa com dois anos. Eu sofria, claro que sim. Mas nem podia imaginar como Natália sofria.

- Luan! - Ouvi sua doce voz me chamar enquanto olhava o lago. 

- Oi. - Afastei meus pensamentos. 

- Sua mãe pediu pra... - Ela me olhou intrigada. - Vai dar meia noite, estão todos reunidos, só falta você. 

Sorri pra ela e caminhei alguns metros antes de pegar em sua mão e lhe dar um selinho. 

- Falta nós dois. Vamos! 

Ela me abriu um sorriso e caminhamos meio abraçados. Encontramos o resto da familia um minuto antes da meia noite. E logo a contagem começou. Natália sorria me olhando e eu peguei sua mão, e puxei pra mais perto de mim enquanto faziamos um brinde. Logo fogos explodiram e ela foi a primeira pessoa que eu abracei. 

- Feliz Natal, eu te amo. Desejo que tenha muito sucesso, paz e amor! - Ela me apertou forte e disse em meu ouvido. 

- Feliz Natal, eu te desejo em dobro. Eu te amo. 

Falar que a amava já era simples, não enroscava como antes, mas não por que algo tinha mudado, mas por que com algumas coisas a gente se acostuma. 

E abracei então meus pais, minha irmã e o resto todo da familia. Eles me desejavam paz, tranquilidade, amor e um bebe pra tirar a dor que nosso anjo deixou. Mas aquilo me pegou de surpresa, eu nem conseguia imaginar uma nova criança, quem dirá, desejar ela. Acho que em partes, pelo minha falta de amor pela suposta mãe.

POV Natália.

Luan tinha saido todo arrumado depois do jantar sem dizer pra onde ia, novamente. Fazia dois dias que tínhamos voltado do Natal na chácara e eu achei que as coisas fossem continuar como lá, mas me enganei. Já estava no começo da madrugada e eu estava preocupada quando liguei pra seu celular e ele não atendeu. Decidi tomar um café bem quente, e enquanto terminava de beber escutei a chave da porta girar. Sai pra sala a procura dele e o encontrei fechando a porta com todo o cuidado do mundo.

POV Luan.

E lá estava eu de novo, na noite. Tinha acabado de sair do meu apartamento secreto e estava indo deixar uma gostosa que eu ficava as vezes em casa. E é claro que inventaria uma desculpa pra minha mulher. E também é claro que ela de nada sabia sobre onde estava e nem sobre o apartamento. Eu tinha que confessar, aquela tinha sido uma ideia incrível, mas hoje a noite não tinha sido muito boa. A morena, é claro que era um espetáculo, mas minha cabeça parecia estar em outro lugar. 

Quando deixei ela agradeci mentalmente por ter sossego. Ela não parava de falar um minuto e já estava me irritando aquela situação. Dirigi pra casa, rezando pra Natália estar dormindo e pensando uma desculpas, mas assim que abri a porta, encontrei ela na sala. 

- Meu Deus Luan, estava preocupada! - Ela correu até onde estava e me abraçou com força.

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