Capítulo 101

Fiquei com medo de alguém vir até mim. Me aproximei de Luan. Ele me dava segurança, e foi isso que fez. Apoiou a mão sobre a minha e então me olhou terno. 

- O que foi? 

- Estou constrangida. 

- Por que? 

- Estão olhando pra gente. 

- Você sabe por que. - Ele respirou fundo. 

- Eu sei, mas estou me sentindo mal. 

- Quer ir embora? 

- Não. - Neguei. - As meninas estão se divertindo. 

- Então esquece isso e fica aqui comigo. Ninguém vai te falar nada. - Ele me deu um beijo na mão e eu acenei positivamente. 

Ele manteve as mãos nas minhas e eu fiquei quieta, olhando elas falar sobre um novo cantor que até a onde entendi, não era tão bom, mas estava chamando muita atenção. As meninas vieram comer e eu dei salgadinhos pra elas, que estavam todas descabeladas e cansadas. Ri da situação e então ajudei elas com a comida e fiz o mesmo para Enzo. Bel voltou pra mesa, estava conversando com uma amiga, mas as crianças já tinham saído. Voltamos a conversar, mas ela notou minha falta de conforto e olhando em volta percebeu. 

- Você está desconfortável né? 

- Está todo mundo nos olhando. - Eu ri fraco. 

- Olha, Dudu me falou. Esquece. Você tem sua família, eles ficaram do seu lado. O resto não importa. 

- Tenho medo das meninas, o que podem ouvir por ai ou sei lá. Tem muita gente maldosa nesse mundo. 

- Ainda mais sendo o pai quem é! - Bel me olhou com compreensão. - Eu imagino o que você está passando. A pressão de ser esposa dele deve ser enorme. 

- Do príncipe do Brasil? Nossa, demais! - Ergui as mãos pro alto e nos rimos.

- Mas é o que estou dizendo. - Ela piscou. - Você tem todos do seu lado, esquece e aproveita a sua família linda!

Deixamos o assusto desagradável e eu tentei desencanar daquela historia e esquecer aqueles olhares. Demoramos pra ir embora da festa. As meninas aproveitaram muito e Luan não acabava a conversa com o Dudu nunca. Já estava tarde, as meninas iriam pra escola no dia seguinte e Luan ainda tinha que pegar estrada. Eu estava sentada com Bel, acabadas na cadeira, mas a conversa continuava firme. As meninas estavam nos brinquedos ainda e tinha muita gente indo embora. 

- Vamos reclamar? - Bel pediu. 

- Nossa, eu vou surtar. Parecem mulher conversando. - Fiz bico e fechei os olhos. - As meninas não foram pra escola, estou com sono. 

- Enzo não me deixou em paz a tarde inteiro também. - Bel colocou a cabeça no meu ombro. 

- Vou reclamar... - Disse e me levantei um pouco. - Amor... - Chamei Luan, mas ele demorou pra cortar a conversa e me olhar. 

- Oi. - Disse tentando ser atencioso. 

- Será que a gente pode ir embora? A Bel me apoia! - Ergui o braço dela. 

- A gente já vai amor, vai lá juntando as crianças em vez de ficarem reclamando. 

- Não pode mais conversar... - Dudu reclamou. 

- A gente está chamando faz séculos.   As crianças tem aula amanhã. - Bel me deu apoio. 

- Enzo não vai, ele estuda cedo. - Dudu deu de ombros. 

- Mas as meninas não. - Bel retrucou. 

- Vão juntar as meninas e o Enzo que a gente vai. - Luan falou. 

- Isso, vai lá Bel. - Dudu sorriu pra ela. 

- Não, estamos cansadas. Vão vocês dois correr atras deles. - Reclamei cruzando os braços. - Estamos aqui esperando. 

Luan riu e levantou, se rendendo pronto pra ir a caça, mas Dudu continuou no mesmo lugar.

- Você pode ser mexer também viu Eduardo? - Bel mandou.

Ele levantou com Luan rindo e os dois foram conversando em direção aos brinquedos e nós rimos. Eles demoraram quase dez minutos pra voltarem com os três, totalmente ligados ainda. 

- Satisfeitas donas? - Dudu perguntou pegando Enzo que queria voltar a brincar. 

- Olha que bonitinho, agora vamos! - Disse ficando em pé. Nós despedimos e agradecemos pela festa ao amigo deles e em seguida encontramos nossos carros parados lado a lado. Depois de se despedir, Luan botou as meninas no carro e eu entrei também, tirando meu salto. Não deu muito tempo e ele dirigia de volta com as Anas já desmaiadas, cada uma em sua cadeirinha. 

- E os olhares? - Luan questionou. 

- Acho que vou ter que apreender a lidar com eles. 

- Vai passar, as pessoas esquecem. 

- Não dessa vez. - Disse fazendo bico.

- Eu não tenho culpa. - Ele se defendeu. 

Percebi na hora que ele estava tentando pular fora. 

- Eu sei muito bem que não Luan. Já te disse que eu que fiz, problema é meu. - Fui bem grossa pela resposta indelicada dele. 

- Eita, o que foi? 

- Nada! - Disse brava. - Alias, você só fala direito com o Dudu, devia ter se casado com ele. Desde que essa bosta começou você vive de probleminha com tudo que eu falo. Respostinha atravessada...

- Que bicho te mordeu?

- Você saindo rapidinho do problema, esse bicho me mordeu.

Fechei a cara o resto da viagem e do dia que já tinha dado o que tinha que dar. 

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