Capítulo 102

- Natália! 

Deixei ele falando sozinho e entrei em casa irritada. Ele apareceu atras logo em seguida, bem mais bravo que eu. 

- O que foi sua louca? Está com ciúmes do Dudu? 

- Não Luan, não estou com ciúmes do Dudu. Estou brava por que comigo você não conversa direito. Fica de mimimi por causa do Rodrigo. 

- Mas... - Ele tentou se defender. 

- Mas você deixou as suas filhas sozinhas! 

- Nossas filhas! 

- Mas já que é o que não tem culpa, vai lá pegar elas! 

Ele bufou e voltou pro carro. Acordou as duas e trouxe elas na mão. Passou por mim antes de subir as escadas e me chamou de grossa. 

- Grosso é você! - Reclamei. 

Ele me virou as costas e seguiu com as meninas pra cima. Subi atras e ajudei ele a colocar elas na cama. Sai do quarto sem esperar por ele. Entrei no banheiro e decidi tomar um banho pra acabar com a minha irritação. Fiquei debaixo da água um bom tempo e chorei pra aliviar minha tensão acumulada. Quando sai já arrumada encontrei Luan na cama assistindo TV. 

- Mais calma? - Ele perguntou com um bico no rosto. 

- Estou, mais ainda não quero papo com você. 

- O que eu te fiz? - Ele me olhou indignado. 

- Fica querendo fugir da historia Luan, me irrita isso. - Imitei ele. - "Não tenho culpa!", "Eu te avisei."... Isso irrita e me magoa. 

- Mas não é mentira! - Ele deu de ombros. 

- Que ótimo, meu marido não está ao meu lado, agora me deixa dormir. - Reclamei virando de costas pra ele. 

Esperava que ele fosse dizer algo, mas ele não falou mais nada, desligou a TV e virou pro outro lado e dormiu feito pedra.  

POV Luan. 

Mesmo depois de ficar horas no escritório, eu ainda não sabia o que dizer. Era o assunto do ano e a verdade era que simplesmente não tinha o que dizer para as pessoas. Eu andava irritado demais por causa disso e acabava descontando na Natália. Eu não queria parece contra ela agora, mas não conseguia evitar. Por conta do estresse, quando via já estava falando e acabava magoando ela. Mas Natália tinham que entender que eu estava sobre um estado de pressão muito alto. 

Acordei antes que ela e acabei levando as meninas pra comer fora e deixei elas na escola, já me despedindo, por que ia viajar antes delas saírem. Voltei pra casa com comida pra Natália e resolvi acordar ela, que ainda estava dormindo. Estranhei ela ainda estar na cama, mas esquentei um pouco a comida e arrumei a mesa. Queria agradar ela pra recompensar minhas mancadas. Assim que entrei no quarto e coloquei a mão nela percebi que estava quente demais. Peguei um termômetro e comecei a chamar ela. 

- Amor... - Ela acordou sonolenta e me olhou estranho. 

- Meu Deus, as meninas Luan! 

- Já comeram e estão no colégio. Coloquei comida pra você, mas está com febre amor. 

Medi a temperatura e estava alta. Peguei um remédio, dei pra ela acariciando seu cabelo. 

- Vem comer vem! - Peguei ela pela mão e levei ela até a cozinha. 

Me sentei com ela na mesa e ela comeu devagar. 

- Dengo, me desculpa... - Passei a mão pelo cabelo dela. - Está doentinha... 

- Está tudo bem. 

- Não neném, eu sou um idiota. Estou do seu lado, mas tenta entender que eu estou muito pressionado com essa historia. 

- Eu entendo. - Ela colocou o rosto no meu peito e eu fiquei fazendo carinho.

Cuidei dela a tarde toda, que ficou quietinha deitadinha. Mais a tarde fui me despedir dos meus pais e depois Natália, que já estava melhor, foi me levar no aeroporto e depois iria buscar as meninas. 

Me despedi dela com o coração na mão. Essa viagem não seria fácil, iria escutar muitas coisas, mas precisava manter o pé no chão. 

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