Capítulo 103

Como eu esperava, a viagem foi complicada. Todos os repórteres me perguntavam sobre a noticia da Natália e eu tentava desconversar, já que nem sabia ainda o que dizer. Era complicado demais estar no meio daquela confusão. Natália me ligou chorando demais de pegar as meninas na tarde do dia seguinte que eu viajei. 

- O que foi? 

- Tudo mundo me olhando Luan...

- Natália, amor... - Suspirei. - É assim que vai ser, você tem que erguer a cabeça e fingir que não está vendo. 

- Estou com medo das meninas... 

- Elas não vão saber, não assistem programas em que isso pode aparecer. 

- E se alguém contar? 

- Elas vão achar o máximo saber que a mãe dança. - Ele riu. 

- Não tem graça... 

- Só para de chorar e fica tranquila. 

Eu tinha que me acalmar naquela situação e ainda ser suporte pra minha esposa, o que era muito complicado de fazer. Eu não achava tão simples como queria passar pra ela, e meu maior medo era também que as meninas entendessem historia. 

- Vai abafar logo. - Rober falou. 

- Eu espero mesmo cara, por que está difícil demais. 

Mais parecia que todos nossos medos estavam desabando sobre nós. 

Como num prêmio pela minha situação, consegui mais um problema. Meu novo sucesso estava no meio de um problema jurídico. Os autores estavam brigando pela musica e eu acabei no meio. Um deles vendeu ela pra mim, mas como o outro não era de acordo, a justiça bloqueou tudo que tinha haver com a canção até que eles entrassem num acordo. 

- Falou com o João? - Rober questionou.

- Eu tentei, mas ele estava em um audiência. 

- O cara vende a musica cheia dos problemas. 

- O duro que virou né? Só quero saber o que eu vou fazer agora. 

- Sem contar o lance do Rodrigo. 

- Nem me lembre. - Passei a mão pelo rosto. - Natália está surtando e me enlouquece. 

- E agora? 

- E agora que não tem o que fazer com Rodrigo e não posso cantar minha musica. - Eu ri. 

- É seu aniversario?

- Já foi, por que?

- Inferno astral! 

Comecei a rir. 

- Não cara, alguém jogou macumba pra cima de mim, só pode! 

- Tomara que pare por ai. 

- Ah, vou rezar por isso! Por que qual vai ser a próxima? 

- Você enlouquece! 

- Só estou ficando louco. Estou estressado demais, brigo com a Natália, está foda.

- Não deixa isso mexer com vocês cara!

- Estou tentando... Preciso esfriar a cabeça. 

POV Natália. 

- Vamos Bea! - Beatriz ainda estava pegando a mochila e nós estávamos atrasadas. 

- Bea demora mamãe! - Laura estava impaciente quando a irmã apareceu e corremos pro carro. 

Tentei não pisar muito no acelerador no caminho pra escola, mas elas chegaram na hora. Desci com as duas e levei elas até a porta. Estava preparada pra voltar correndo pro carro quando uma das mães chatas da sala das Anas bloqueou meu caminho. 

- Oi minha querida, como você está? - Ela perguntou sorrindo. 

- Muito bem Roberta, e você? - Sorri. 

- Eu estou ótima! Estava pensando em te ligar, saber como está! 

- Estou muito bem. - Sorri. 

- Eu fiquei pensando em vocês hoje cedo. Fiquei preocupada com as meninas na situação sua e do seu marido. 

- Por que? - Questionei. 

- Ah, que indelicadeza a minha. É que eu vi o que saiu semana passada, sobre um ex patrão seu. - Ela tentou sorrir e eu olhei feio. - E pela noticia de hoje achei que talvez o pai delas tivesse saído de casa. 

Levei um susto. 

- Não, Luan não saiu de casa. Pelo contrario, estamos muito bem Roberta, não estou entendendo onde quer chegar. 

- Eu vi que ele estava sozinho numa festa ontem, e bom, pensei... Mas que bom estão bem! Vou indo, até logo querida. 

Ela saiu rebolando com um sorriso falso e eu respirei fundo enquanto apertava o passo até o carro. 

- O Luan me paga! - Rosnei. 

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